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O MORCEGUISMOS é um espaço inteiramente dedicado aos morcegos e pretende ser um veículo de divulgação e sensibilização. Neste espaço cabe a divulgação de projectos em curso ou concluídos, notícias, e actividades diversas.

Para além disso pretende-se que contribua para uma aproximação do público a este grupo faunístico, e que este público tome parte no aumento do conhecimento sobre morcegos em Portugal, nomeadamente através da informação sobre abrigos de que tenham conhecimento.

No futuro pretende-se ainda criar uma linha de apoio a qualquer assunto relacionado com morcegos, como seja o socorro de morcegos encontrados feridos ou a perturbação de abrigos, entre outros.

Espera-se desta forma dar um contributo importante para a conservação das espécies de morcegos portuguesas.

23 de outubro de 2009

Eólicas e a "não existência"

Sugiro a consulta de uma notícia publicada hoje na internet "Lawsuit: Md. company's wind energy project would kill endangered bats", não porque traga algo de novo sobre as eólicas e os morcegos, mas porque foca alguns aspectos essenciais das dificuldades que poderão vir a surgir nos processos de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) de parques eólicos.

O caso concreto diz respeito à instalação de um parque eólico com 124 aerogeradores num local que, segundo Michael Gannon (especialista em morcegos) poderá ter um impacte significativo na população de uma espécie ameaçada (Myotis sodalis), quer pela destruição de importantes áreas florestais (esta espécie abriga-se entre a casca solta das árvores), quer por os aerogeradores se localizarem nas rotas de migração entre os abrigos de Verão e de Inverno. Desconhecendo eu o caso concreto, preocupa-me que, para desmentir estas observações, a empresa que pretende instalar o parque eólico tenha conduzido duas amostragens que envolveram a captura com redes não tendo encontrado nenhum exemplar da espécie em causa. Michael Gannon argumenta que esta amostragem não foi realizada de forma adequada e, independentemente de ter ou não razão, a verdade é que, no que diz respeito a morcegos, concluir sobre "a não existência" (e notem que utilizo aspas, porque não é possível provar não existências) em biologia, como noutras ciências, é sempre mais fácil do que provar a existência. O especialista rebate estes dados com gravações de ultra-sons realizadas na área e que confirmam a presença da espécie... Resultado, os advogados de defesa da empresa argumentam que a identificação acústica tem um elevado grau de incerteza e que produz falsos positivos.

Não tenho conhecimento do caso para tomar uma posição, mas sou obrigado a perguntar-me. Se as empresas de energia eólica decidirem empreender uma cruzada para tirar conclusões sobre "não existências", o que nos resta?

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