No passado dia 23 de Maio eu, o Hugo Rebelo e a Rachael Cooper-Bohannon (uma colega que nos veio visitar) fomos ao mosteiro com a intenção de capturar alguns indivíduos e finalmente confirmar a espécie. A captura não foi fácil, foi necessário colocar uma rede na única saída possível, mas talvez desconfiados pela nossa presença ou por já terem crias (hipótese que viemos a confirmar mais tarde), apenas alguns indivíduos levantaram voo e estes pareciam detectar facilmente a rede, aproximando-se e afastando-se sem nunca lhe tocarem. Ao fim de alguma insistência capturámos um indivíduo, o suficiente para confirmar a espécie e ao mesmo tempo minimizar a perturbação da colónia.
Trata-se de uma colónia de criação de M. emarginatus, espécie cuja ocorrência no nosso país é pouco conhecida, estando apenas registada mais uma colónia de criação desta. A sua distinção entre outras espécies do grupo dos Myotis "pequenos" pode ser feita pela chanfradura muito marcada na parte de cima da orelha (forma um ângulo quase recto - ver figura adaptada de Rodrigues et al., 2011)
Importa referir que a permanência desta colónia ao longo dos anos no Mosteiro de Tibães, numa zona nobre do mosteiro e que serve de passagem aos visitantes, é um excelente exemplo de convivência entre o património construído e o património natural. Os morcegos agradecem o interesse demonstrado pelos que trabalham no mosteiro e nós agradecemos por nos receberem sempre tão bem e com tanto entusiasmo.
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